
Os dados dos serviços de saúde do mundo ocidental demonstram que o número de mulheres que dão à luz depois dos 35 anos está a crescer. Um factor que aumenta a incidência de partos com probabilidade de se complicarem. Por outro lado, há cada vez mais recurso às técnicas de fertilização in vitro, para combater a crescente infertilidade que ataca os casais. E nesses casos, os estudos demonstram que 50% dos partos acarretam complicações. Ou seja, há cada vez mais partos de risco.
É neste cenário, explica Willem Van Meurs - investigador do INEB que está à frente do projecto -, que é cada vez mais importante o desenvolvimento de um simulador de partos de risco. Não há números para Portugal, mas estudos realizados em Inglaterra mostram que há cerca de três mil mortes fetais por ano e metade deve-se a erro médico da equipa que realiza o parto.
Por isso, treinar situações de alto risco, em que erros causam mortes, é fundamental na formação dos médicos, que enfrentam ainda a pressão do tempo. Um feto humano pode sobreviver sem oxigénio durante cinco minutos, sem consequências de maior. Mas a partir daí, por cada minuto que passa, a probabilidade de lesões irreversíveis aumenta, até que, ao quarto de hora, o feto morre.
Há já um simulador, que há cerca de dois anos está a ser usado pelos alunos da Faculdade de Medicina do Porto. É o único modelo existente (ver fotos), mas é ainda muito limitado face às possíveis complicações que podem surgir no parto. O objectivo do grupo do INEB é criar uma nova máquina de alta fidelidade que permita, por exemplo, que o "bebé" morra, se o estudante errar os procedimentos.
O primeiro protótipo, único a ser desenvolvido no mundo, deverá estar pronto para apresentação à indústria em Junho, no decorrer da Conferência Europeia de Simulação em Medicina, a realizar-se no Porto. E, afirma Willem Van Meurs, esta é uma área em que é de esperar grande interesse por parte de empresas que comercializam o equipamento.
O novo simulador tem como grande objectivo dar "vida" ao bebé. Ou seja, a equipa de investigação desenvolveu modelos matemáticos que permitem reproduzir a oxigenação do bebé, através do sinal da frequência cardíaca fetal. A interacção entre a máquina e o estudante é outra valência, levando a que os sinais fisiológicos de mãe e feto sejam afectados pela actuação médica, até que, no limite, a "morte" possa ocorrer. Várias complicações de parto são previstas no simulador. Afinal, o pior erro que um médico pode cometer é nem sequer reconhecer que está perante uma situação crítica."
Fonte: http://dn.sapo.pt/2006/02/27/sociedade/partos_plastico_salvam_vidas.html
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